“Morrer não significa desaparecer. Pode significar se transformar em algo novo, algo que se eterniza.” – Sêneca

Toda a existência do ser humano está associada à morte, não importa as coisas que uma pessoa fez durante seus anos, ela vai ter o mesmo final que todas as outras. A morte tem milhares de interpretações, para alguns a morte é a salvação, para outros a desolação.
Morrer é um conceito muito abstrato e inconformante. Imagine só, você tem planos marcados com seus amigos na sexta, um jantar especial com um amado no sábado, uma consulta no dentista no mês que vem e do nada morre? Assim, do nada, sem se preparar, sem avisar ninguém, sem se despedir, revoltante né?
Mas morrer pode ser um grande ressignificação para aqueles que são adeptos a religiões. O catolicismo prega o conceito do paraíso para as boas almas e e o inferno as pecadoras. o Islamismo mostra que a morte é um portal para a eternidade, seguindo crenças muito similares as cristianismo usufruindo do julgamento de Deus sobre as almas e seus destinos ao paraíso ou ao inferno. O Hinduísmo defendo a reencarnação, uma religião politeísta tendo seus Deuses como Shiva, Ganesha, Vishnu, Shakti… Essa religião se baseia no conceito de que a alma (atman) passa por diversos renascimentos acumulando karma (objetivo essencial), e por fim alcançar o moksha, o fim desse ciclo unindo-se ao divino. O Budismo também acredita no renascimento, mas vê a existência como um sofrimento e a morte como uma transição para outra vida até que se atinja o nirvana que é o fim de um ciclo interminável de sofrimento e renascimento, alcançando a compreensão total da natureza, o budismo é uma religião teísta (sem um Deus criador) que busca a compreensão da natureza e a busca pelo caminho iluminado. O Judaísmo faz parte das 3 religiões abraâmicos juntamente ao catolicismo e ao islamismo, as variac1ões de fim da vida vão do conceito de Sheol (morada dos mortos), na ressurreição do fim dos tempos e do Olam Haba (mundo vindouro) no qual os justos serão recompensados. Gregos acreditavam no submundo de Hades e os Deuses do olimpo, os vikings acreditavam na nobre honra de descansar eternamente em Valhalla, os egípicios esperavam o julgamento de seus corações pela Deusa Maat.
São diversas e inúmeras visões religiosas sobre a morte e seu significado, no qual temos nenhum conhecimento sobre a veracidade, mas com certeza é reconfortante ter algo para se apoiar e ter um pouco de fé na continuidade do seu espírito.
E se a morte for o fim?
“A vida é um intervalo entre duas eternidades de inexistência.” – Arthur Schopenhauer
Como devemos viver se sabemos que vamos morrer? A ideia da morte é o que da sentido à vida ou é o que a torna insignificante?
Se vamos morrer mesmo, por que continuar? Todo o esforço, sofrimentos, dores que carregamos para daqui 100 anos ninguém lembrar de nós? Vale a pena? Mas se vamos morrer mesmo por que não arriscar? Viver intensamente, saltar de paraquedas, amar quem você quiser, sair para onde quiser, viver o que quiser. Novamente, um conceito muito abstrato, se realmente não tem nada depois do que valeu se privar dos bons momentos para manter a alma purificada? Para alguns filósofos como Nietzsche a morte é apenas o fim da existência, para Epicuro a morte não deve ser temida “Enquanto existimos a morte não está presente. Quando a morte chega não existimos mais”. Heidegger via a morte como um conceito que autentificava a vida, dizendo que a noção da morte nos tornava cientes de que estamos vivos. Camus afirmava que a morte era inevitável e não fazia sentido, logo devíamos nos agarrar a nossos próprios significados e abraçar a vida com rebeldia.
A também estudos de psiquiatras que afirmam a existência da reencarnação, Ivan Stevenson documentos vários casos de crianças que tinham certeza de ter memórias de vidas passadas, trazendo informações de datas, nomes, locais e detalhes específicos.
Experiências de quase morte: vislumbres do pós vida?
As experiências de quase mortes (EQMs) são fenômenos relatados por pessoas que passaram por situações extremas, encarando a morte cara a cara, e que afirmam ter tido experiências inusitadas.
Algumas sensações presentes nas EQM são de se sentir envolto de paz, ver um túnel, se sentir fora do corpo, encontrar um ser de “luz”, encontro com parentes falecidos e até mesmo a comprovação de conhecimentos ainda não adquiridos. Duas vertentes desse tema podem ser analisadas, a primeira que afirma ser um processo totalmente biológico, no qual ao passar por falência, o cérebro pode liberar a DMT, uma substância psicodélica que pode influenciar na criação de cenários exorbitantes, além da falta de oxigênio que pode apenas intensificar o sentimento. Mas fora do ramo biológico, pode-se interpretar como uma consciência fora do cérebro, ligando a uma existência de pós vida. O que é muito interessante é que diversos estudos feitos com pessoas que presenciaram um EQM sempre relatam situações muitos similares, mesmo sendo pessoas que possuem diferentes religiões, de diferentes idades, como crianças que nunca tiveram um pensamento profundo sobre a morte para ter algum tipo de alucinação especificamente sobre tal assunto que ela presenciou, e mesmo essas experiências não provando realmente a existência de uma vida depois da morte, elas podem ajudar a pessoa a encontrar seu propósito de vida, buscando uma nova religião, tendo fé em uma continuidade da alma e perdendo o medo da morte.
A morte e o cinema.

“A gente morre duas vezes: uma quando paramos de respirar, e outra quando alguém diz nosso nome pela última vez.” Coco (Viva – A Vida é uma Festa)
Tantas histórias que retratam com maestria a morte de formas singulares. Elena com certeza é meu exemplo favorito, acompanhar o luto da diretora é um sentimento único, como se a Elena fosse uma parente minha, sua intensidade foi perfeitamente ilustrada nesse documentário, sua dor, sua forma de ver a vida e então infelizmente enxergar a morte como o fim de sua dor é brutal, tudo nessa obra documental exala sentimento, desde a trilha sonora, as cenas bem trabalhadas, e a narração marcante de Petra Costa.
Efeito borboleta, A vida é bela, Soul, Stand by me e diversas outras obras que trabalham esse sentimento do morte, algo brutal, abstrato e repentino, que não faz sentido algum e do nada chega para todos, o fim comum para cada ser humano que ja pisou ou vai pisar nesse solo. Talvez seja meio doido pensar que pode ser meio reconfortante? Por exemplo, me faz querer viver meu limite, despejar palavras de amor e amar cada mínimo detalhe que esse mundo proporciona, e no final de tudo, quando finalmente sentir que meus anos foram bem aproveitados, com pessoas que amo, vivendo momentos especiais, acho que vou docemente aceitar ser levada pelos braços da morte, ter um bom descanso ou quem sabe ter a chance de repetir a dose dessa dádiva que temos que é viver.